O começo de tudo
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Tudo começou de forma bem simples. O ano era mil novecentos e noventa e tanto e eu ainda era pequeno demais para entender o que era informática. Meu pai trabalhava na universidade como pesquisador e precisava colocar seus dados de resultados em computadores. Como não tinha muito dinheiro, ele precisava ir até um laboratório para colocar as anotações no Lotus para gerar resultados.
Algumas vezes eu ia com ele e era uma maravilha aquele passeio. Íamos a pé e andavamos por volta de uma hora até chegar a "sala dos computadores" e ainda consigo lembrar do cheiro dos béqueres limpos, dos microscópios eletrônicos e outros instrumentos de laboratório que ele utilizava.
Meu pai não ficava muito tempo nos computadores, apenas o suficiente para colocar os dados que ele precisava e depois, guardava tudo num disquete grande. Diga-se de passagem, devo ter estragado alguns trabalhos do meu pai brincando com esses disquetes, retirando o disco de dentro e disparando para o alto como se fosse um freesby.
Aquela imagem do meu pai mexendo num computador me deixava muito intrigado. Por que ele usava aquilo? Por que tinha aquela tela preta com letras brancas? Como era possível que ele soubesse saber o que fazer nisso.
Bom, meu irmão e eu não nos preocupávamos tanto com os computadores, estávamos mais interessados em arrumar brincadeiras de correr e lutar mas de vez em quando nos arriscavamos a ver o que nosso pai fazia. Eu me lembro de ficar olhando e teclado amarelo e aperar as teclas para digitar meu nome. "Catando milho" mesmo: M - I - C - H - A - E - L.
Lembro que eu cheguei a ganhar uma máquina de escrever vermelha da Glasslite e gastei um bom tempo de minha vida escrevendo cartas nela. Claro que não era a mesma dinâmica, mas era muito legal aperar uma tecla e do outro lado ser impresso no papel o que eu pedia. Isso sem falar na engenharia de avançar o papel para o lado a cada tecla, poder trocar entre maiúsculas e minúsculas.
Como meu irmão mais velho e eu não tínhamos video game, nós não tínhamos interesses em eletrônicos (ainda) então passávamos muito tempo com nossos amigos jogando bola na rua e de todas as brincadeiras já conhecidas pela maioria: pique-pega, taco-bola, garrafão, pique-esconde, polícia e ladrão, estourar bombinha, fazer fogueira, corrida de tampinhas, fazer serra com tampinhas de refrigerante e por aí vai.
Alguns anos mais tarde ganhamos um belo Milmar Hi-Top Game, compactível com Nintendo e tinha adaptador para Phantom System e foi aí que realmente entramos no mundo da "tecnologia", jogávamos Mario 3, Contra, Tartarugas Ninjas e muitos outros jogos que alugávamos no final de semana para tentar zerar e passávamos o dia inteiro tentando. Nós trocávamos fitas com nossos amigos e faziamos torneios para saber quem era o melhor jogador com regras báscias como quem perdesse vida passava a vez.
Bom, depois desses eventos, comecei de fato a ter contato com computadores, mas isso fica para outra história.